OS DOIS ENGRAXATES E A IRMÃ
- Valter Rogério
- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Quando todo mundo é importante, os irmãos não eram ninguém. A família ganhou umas tábuas para fazer um barraco ao pé do buracão da Vila Marcondes enquanto a ameaça de se viver descansava os poderosos senhores da urbanidade citadina. Eram um casal de gêmeos e o irmão mais velho todos pretos sem terem ameaças da vida e o temor da morte. Desde manhãzinha carregavam e entravam na escola com uma caixa de engraxar sapatos e assim quando saiam dela conseguiriam levantar o sustento do viver, como serviço da sobrevivência. Sentavam no banco da praça e ali permaneciam nele o irmão mais velho pegava a escova de engraxar sapatos e cutucava a batida do samba na caixa de sapateiro enquanto o outro ritmava na caixa de fósforos e a menina dançava no rebolar do corpo e nos salteados de seus pés. A atração atraia clientes que se desdobravam para ver a beleza encarnada deles transmitindo a felicidade clandestina. Mas a exatidão estava em fazer desta cortesia o sustento da família que esperavam eles chegarem da cidade com o dinheiro de comprar, comer e beber entre o amor dos famintos. A luta e a batalha do combate são pelo viver, até que uma infeliz invejosa botou uns pertences alheios na caixa de trabalho deles. A proibição veio na certeza e pediram então ao pipoqueiro da praça para guardarem o pertence e o sonho que existia de ter a companheira juntinha bem perto deles ficou no fato que não deu novas notícias. A quem consente, não se faz justiça então continuaram a trabalhar, sempre a sociedade é segura com os poderosos. Até que por motivo de distração o corpo do trabalho foi roubado do guardador e de repente encontram-se sem a mantenedora de esperança da ensimesmada necessidade. O pai chateado com a perda do ofício de seus filhos requisitou os homens para trabalhar com ele de servente de pedreiro fazendo e abandonando a escola de uma vez por toda de suas vidas. A moça que tinha alegria de cantar e dançar o samba foi oferecida uma vaga de emprego como cuidadora e empregada de serviços domésticos com apenas doze anos de idade. Ficou a contento de querer estudar para ser professora e mostrar a sua mãe, o que seria ler e escrever diante do ensinamos aprendemos com a escola da vida. Foi fechado assim um entendimento cordial com os dois engraxates e a irmã onde a velhice chegará ao longo prazo diante do tempo com anos de misericórdia deles ficarem cansados de si mesmos. Carregamos o cáustico e eterno sentido de que a harmonia da vida não é igual para todos os homens.



