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CIPOLA, CORTE DOS ANÉIS CEBOLA

  • Foto do escritor: Valter Rogério
    Valter Rogério
  • 24 de mar. de 2020
  • 8 min de leitura

CIPOLA, CORTE DOS ANÉIS CEBOLA

para Arioswaldo Cipola Junior

Desde criança e ainda menino muito contido

sendo jovenzinho pequenininho conheci Arizinho ,

olhos negros de jabuticabas acesas coração de mel,

eterno companheiro de minha vidazinha de criança

mirim infantil e infânto juvenil.


Filho único de um casal franco Espanhóis

e juntos ficamos simples aprendendo crescendo brincando

estudando e sendo crianças gostando do saber viver.

Todos os dias de manhã ele me chamava do lado do muro

de sua casa para irmos à escola, E. E. Prof. Adolfo Arruda Melo:

e partíamos comigo e meus irmãos para estudar

sempre subindo a ladeira da rua Tenente Nicolau Maffei

e ficávamos separados com outros colegas no pátio da escola

repleto de alunos sendo sempre comédia tragicomédia

e a risada era geral; logo depois quando voltávamos das aulas

almoçávamos e nem bem a digestão acontecia

eu e meu amigo sempre arrumando o que fazer

diante desta vida escancarada:


Tudo do quintal ficava aberto em liberdade sublime

para sempre eternamente brincarmos; não sei nem muito bem

onde começar a lembrar de nossas traquinagens;

outrora tinha a fidelidade selvagem e um gênio além

do arco-íris Prudentino .


No Natal perguntava-me qual o presente que desejava

e queria ganhar, o danado pedia ao seu pai para ele comprar

o brinquedo e na madrugada Natalina aprontávamos brincando

atinadamente, durante e depois da ceia de natal, meu papai Noel

sempre sincero na certeza secretíssimo camarada,

portanto ninguém podia saber sobre este segredo

eterno e o presente era certo a companhia:


Mas ele não me entregava nem dava o brinquedo;

era para sempre ficarmos juntos atinando até o tempo passar.

Fomos eternos comparsas, ele e meu irmão William

e a vida começava maravilhosamente assim:

Papagaio linhada perigosa e correria durante as tardes

e manhãs de férias afins no verão aquecido.

Acordávamos às sete da manhã até às dez da noite

fazendo papagaios e os caçadores de pipas nunca paravam;

euforia geral e gargalhadas quando caçávamos os objetos voadores

e a linha afiada em alto céu escancarado; era a guerra de mundos

coloridos, papéis de imaginação incandescente flutuação de olhar ao céu;

até no telhado de nossas casas subíamos para fugir dos desgraçados

fios elétricos de luz e energia ; quebrávamos algumas telhas,

ele no telhado de sua casa e eu no da minha casa, foi quando num dia destes de Brincadeiragem liberdade libertinagem que o danado foi olhando

e debicando tanto a pipa, que acabou e despencou na valeta do corredor furado.


Acho que foi quando comecei a olhar para o céu e o infinito apontava

para o azul das nuvens ciganas algodoadas sublime desejo

de soltar minha imaginação perpetuada no tempo que mal sabia que ele já estava passando:E tudo foi eternamente rápido veloz que fiquei e fico até hoje

imaginando como foi maravilhoso.

As folhas de papel de seda espalhadas pelo chão de nossos quartos

e dávamos um tempo apenas quando chovia aquietávamos

fazendo rabiolas e Dona Nica sua avó, fazia brigadeiro para comermos.

Depois começamos a criar peixes dos córregos sujos das águas de Prudente;

os guarus, lambaris, cascudos:

fabricações de tanque nos quintais de ambas as casas,

metido a pedreiros trolados " Doidinho", "Menino do Engenho"

"Fogo Morto" e muitas paredes que racharam com as construções

malfeitas malfadadas e inacabadas torturadas.


Na vila a molecada era numerosa e as peladas na rua

muitas brincadeiras nunca paravam, sempre achávamos

o que fazer e mudar a graça do tempo com competência e habilidades febris.

Quando cansávamos da rua inventávamos futebol no quintal dos Farias

e pegávamos palha de café na fábrica de torrefação Pinho,

onde a pelota rolava com os gritos de gol e alegria diante deste esporte popular.


Chegava a hora de jantar e depois caminhávamos para rua brincar

de mamãe da rua e esconde-esconde pega-pega

De vez em quando tinha alguns tapas e umas briguinhas

de indiferenças pessoais, mas tudo acabava na euforia;

e todos os meus colegas respeitavam , cuidavam de mim

que abrigava no estomago uma sonda perfurada na barriga e

os constantes engasgamento que meu esôfago judiava muito cedo

desde menino e algumas vezes até com o milho ou um pedaço de carne,

e nem a água não conseguia matar minha sede embebecida;

engasgado eu forçava bebe-la mas parecia um porquinho da Índia grunhindo a sonhar.


Mas a vila foi ficando pequena e chegou o tempo de andar de bicicleta pela cidade enfurecida: Papai deu uma bicicleta para os três irmãos; fiquei nervoso

com tal situação; queria uma bicicleta exclusiva para mim;

atrelei-me a chorar no fundo do quintal de casa e isto doía muito este desejo ambicioso,

foi então que Arizinho apareceu perto de mim e disse: Valti não tem problema

a minha bike é tua também, e nós vamos trocar quando você estiver dirigindo

eu vou na garupa e vice-versa contudo minhas lágrimas secaram

de vergonha diante de um egoísmo inevitável de meu ego no centro do mundo.


Acompanhava andávamos em muitos pela cidade afora, esquadrilhados foi quando começamos a procurar os sítios mais próximos do córrego do laranja

e desde então emprestávamos alguns frangos galinhas cachos de bananas

e os achados dos sitiantes comiamos coletivamente em risadas destas manhas e manias, quando o cacho de bananas amadurecia por deus do céu era casca para todos os lados, mas no final todas as frutas eram comidas e seu paladar sempre sendo o melhor e mais prazeroso do mundo.


Depois o calor severo de Prudente e a quentura inevitável que ardia sobre o asfalto pichado de preto, partíamos para nadar aos sábados no córrego da onça, todos pelados sem vergonha de nada desta nudez,

Até que escolhemos o menino da pirosca maior demos o nome de rola e o mais grosso de zé mandioca.


Na rua da vila aos sábados as meninas começavam a andar de shortinhos pregados

e sensuais e nós ficávamos sentados no muro da vizinhança esperando

vê-las mostrar suas sensualidades e o desespero era comum pelo devaneio da sensualidade enfurecida através da cobiça humana;

Enquanto elas ficavam sentadas encima do muro com as pernas escancaradas sobre os olhos caolhos obtuso; no quintal do vizinho entre as folhas de mamonas e cabanas arquimontadas olhando elas os meninos poetizavam suores orgástico e perfurações aquecidas na mão peluda cheia de calos.


Foi então que o colega mais velho mostrou o caminho da zona de meretrício, até que a polícia chegasse espanta-se e todos nós voávamos daquele lugar

perdido voando como gaviões escarafunchados de euforia geral.

O amigo sempre estava do meu lado, portando depois de muito tempo

percebi ser ele também um irmão lindo carinhoso que tinha perto de mim,

quando eu engasgava ele aparecia dizendo, não liga não cara depois que você desentupir nós vamos até o bar do Dante e te darei uma paçoquinha, mas só uma para você não acostumar em ficar engasgando para ganhar de mim meus doces apaixonados maravilhados.


Pois eu nem bem sabia se sorria ou chorava, mas ele ás vezes lamentava comigo daquele estado de frango grunhindo e forçando para o alimento passar goela abaixo sem medo e sucesso absoluto nenhum.

Fazia frio chuva sol inverno verão outono primavera sempre ouvia seu chamado

do outro lado do muro, Valti e ele pulava para dentro de minha casa

desde então ficávamos e vivíamos juntos como família e amigos

traslados de um tempo que passou velozmente sem deixar marcas

de tristeza e infelicidade sofrimento por assim como eu encontrava-me

naquele estado ininterrupto de estenose caustica.


Mas o tempo foi passando e ruidosamente fomos mostrando

o desejo de deixar ser menino, e todos esperávamos chegar sábado

à noite para vermos a bandinha Sete de Setembro no coreto da Catedral

e enfestado descanso euforia geral, chegar o domingo para desfrutar

da matine no Cine Presidente aquele encontro de magia do filme Cine Paradiso

e todo seu enredo intermitente acontecia vivificadas meninas e meninos

lindas passeavam dentro do cinema, parecia uma Hollywood perdida:


Aquilo era fantástico mágica da vida tridimensional: balas de café , e o lanterninha vigilante inibidor de qualquer atitude que ferisse aos bons costumes da moral urbana

e também muitas meninas que encontrávamos nas andanças dava aquela sensação

do devaneio sensual e sua força de queixume da libido quando andávamos

em volta das cadeiras enfileiradas e o olhar no rosto com aquela piscada dava

sinal da alegria; pois quando as luzes do cinema apagavam e tão grande sua sala ,

cada um corria para ao lado na tentativa de sentar perto da menina

e então o primeiro beijo acontecia certa excitação da perna tremendo caia ao chão como Golias.


Sentados na ponta da fila no cinema, atraia e fazíamos muita anarquia

até começar o filme então todo mundo via,

Mas chegou a puberdade e começamos a ilusionar falsificar a carteirinha

de estudante para começar a ir em filmes da maioridade: cenas de sexo e os caderninhos de catecismo besteirol e pura insensata saudável pornografia.

Chegamos ao ensino médio e a consciência dos povos do mundo

acirrava fazermos uma mudança em nossos comportamentos, certo de que não queríamos morrer nem ser como nossos pais.

O professor de História mostrou-nos a opressão e exploração do imperialismo

ianque na América Latina um cinturão de milhões de Brasileiros agoniados

perante a estética da fome e desigualdades sociais.


Contudo tínhamos que mudar o curso do rio e nadar contra uma correnteza

de verdades surreais;fizemos o jornal cisco como ponto alto da voz

de uma opressão e que havia destruído muitas vidas humanas

expulsando nossos sublimes intelectuais artistas maiorais do vasto

mundo mais que todo mundo e contudo;

até hoje com o corpo fragilizado que fiquei com a soda queimando minha boca

e ainda tenho horror e pesadelos malvados pois como educador de adultos presos

conheço o cheiro e terror que está por detrás das grades nos calabouços daquelas vidas malfaladas de queixume e arrastados seres deste arregrado chão de terras ,

há quem pouco pertence ao direito de telas e adquiri-las de pai para filho

herdeiros eternos proprietários de uma cultura agrária que nunca existiu

a não ser do boi e pasto para comer a carne do capado bicho.


Ficamos cabeludos calça boca larga sapato plataforma e as brincadeiras

no fundo dos quintais chegaram;

Certo demais a euforia e os acontecimentos de muitos namoros

que aconteciam e abraçamos todos desejos leais.

Incerteza foi a menina loira de cabelos loiros lisos e lábios carnudos

que acabou deixando o rapazinho apaixonado, foi quando eu presenciei aos prantos

por um amor; que sentimento impotente nos faz virar de cabeça para

baixo e soluçava amava foi então que disse a ele: esquece se ela não te quer

outras vão te querer entender e assim vai ser.


Suas lágrimas foram gigantescas outrora fiquei com pavor que este danado

malfeitor iria acontecer comigo esta insensatez.

Desde então chegou o tempo de fazermos faculdade e irmos embora de Prudente

nunca mais seriamos os mesmos diante de profissões diferentes e a distancia como o tempo marcaria rastro de afinidade infinita.

Ele tornou-se jornalista ; começou trabalhando no Jornal Imparcial, e depois chegou a Folha de São Paulo; foi quando antes disso tornou-se pai acidentalmente e casou por força do destino escarafunchado ruído e enquanto eu fiquei procurando a poesia sem saber exatamente que profissão teria seria lamentando acordes musicais com a música diante da cultura do silencio que mutante ovelha negra me oferecia a sim ser.


Seu pai sempre quando nos encontrávamos dava aquela risada ininterrupta

e foi alfaiate, vendedor de livros e fumava bem como todos os homens de sua época.

Até que em uma viagem ao Paraguai o acaso do acidente fez com que perdesse

sua esposa Dona Nena, e foi tudo muito assustador rápido impreciso

fato grotesco depois de muito tempo ele veio a falecer num asilo de velhos na cidade Maceió .


O rapaz acabou casando-se e sua companheira gostava muito das joias da família,

sua mulher foi uma companheira maravilhosa , mas o jornalismo foi ficando

insensato diante dos vendavais.

Quando nos encontrávamos era sempre como se tudo permanecesse do mesmo jeito eternamente,desde quando foi morar em uma capital do nordeste como correspondente jornalístico e teve depois de muito tempo como trabalhador deste ofício um infarto fulminante que não deu nem prazo ou razão para nos despedirmos, mas certo lembrar,

foi quando nos encontramos em São Paulo e fomos tomar um café no Edifício Itália ; abraçou-me e raso momento nos separamos para sempre comesuradamente como o mundo equidistante que fazíamos ser imemorável .

Poema do livro : Extratagema

Autor: Valter Rogério Nogueira de Almeida

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