PRUDENTE PRESIDENTE E OS ARRANHAS CÉUS
- Valter Rogério

- 27 de mar. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 26 de out. de 2022
Querida ou velha Prudente citadina fazenda da terrachão
já não te vejo mais rural urbana e apequenada gente assente
como os coronéis de nossas terras Marcondes e Goulart.
Nem arde mais diante de meu ser imemorável fulano
ao aquecer doido e ardido de teu sol insustentável.
Como ficou grande diante do mundo cabisbaixo
e teus olhos afrontam aquietar-se ao mural inquieto
de uma urbanidade desenfreada ao consenso humano.
Washington Luiz veio crer em 1921 que seria possível
crescer e desenvolver teu serrado em cidade valente,
mesma politica do café com leite acertado destemidamente
e certa comemoração de tua súbita existência acontecida.
Sempre que possível subia a ladeira da Rua Tenente Nicolau Maffei
dava uma voadeira pelo centro da cidade, comia a Esfirra do Tio Patinhas
e desapercebidamente olhava as vitrines de tuas lojas comerciais:
Os óculos encantados da loja Ciabatári e sua primeira vitrine espelhada;
tinha desejo de comprar vários deles, mas apenas tenho dois olhos.
para enxergar e uma cabeça cheia de pensamentos arremediados.
O cheiro de couro arreios fivelas gerais da casa Humberto Salvador
sempre sentado assolando um sorriso escancarado a quem entrasse;
mais parecia uma loja dos filmes encantados de Faroeste Hollywoodianos
e os sitiantes fazendeiros compravam utensílios para montaria de animais.
Alguns deixavam os cavalos na Praça Bandeira e caminhavam a pé
vestido de cowboys e esporas nos sapatos como John Wayne Western
no coração arrematado da capital do Centro Oeste Paulista.
O S.R. Seppa e sua mulher que no dia das crianças
na voz do tempo registrava fazendo a “Sertaneja”
para a população inteira da cidadezinha amiga;
E muitos delas ouviam e viam sua musicalidade
romper os céus como trovão e raios angelicais
aguardando sua bondade humana afrontar a tudo,
e todos que o aquietassem sua existência humana.
Quanta vez passava em sua loja e estava tocando
um bandolim ou uma música que alegrasse os ouvintes.
foi a primeira vez que avistei um violão numa vitrine
sobre o reflexo da beleza encantando aos olhos do menino
com meu violão Trovador enamorando nos treze anos de idade;
onde mestre Zito Baiano ensinou-me os primeiros acordes
vencido no tempo almeja que hoje assola uma cidadania vencida.
Papai deu-me de presente um cassetete que memorava
a ação Integralista que historicamente rompeu em teu
Outubro de 1932 deu-se o “Comando de Insurgência”
“Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira”
chão aguerrido politicamente de homens em soldados
a uma campanha cultural moral educacional clara
de ideias definidas por um ideal patriótico subentendido.
A expansão das colheitas do Café e Hortelã em nossas lavouras;
amendoim algodão milho em suas sacarias infinitas de trabalhadores
atraíram os Italianos Japoneses Espanhóis Sírios Libaneses
camponeses que sonhavam e almejavam querer em conter
ser proprietários das terras; alguns até conseguiram obtê-la
mas tudo foi muito difícil e ficaram apascentado a uma ilusão destemida.
Meu avô Alberto Marochio com seus olhos azuis infinitos
e sua pensão na hospedaria na rua Dr. Gurgel
criou seus filhos e filhas trabalhando nela, e recordo:
servia comida paga aos presos da cadeia pública central.
O Hotel Municipal era o palco dos senhores ricos
que também habitavam seus quartos e ficavam
Hospedados com suas vestimentas de terno linho
branco e sapatos taca maquis: luxo e beleza humana;
sentavam na varanda do Hotel e ali ficavam.
Sempre que passava em frente deste local morria de vontade
de sentar naquele palco de uma varanda encantada;
não tem como deixar de esquecer aquela obra urbana:
A fachada arquitetônica indescritível construção civil
como algo inacreditável e impossível de existir
uma beleza rara e memorável fachada que ofegava a todos.
O bar da Pedra era o encontro dos políticos da cidade politicavam
encontravam-se e ali ficavam bem vestidos, onde se deu com o passar;
dos anos foi reconfigurando toda elegância da Politica.
O velho Chevrolet anunciava Casas Pernambucanas na rua
como também os leiteiros viviam servindo bem de manhãzinha;
o leite cru verdadeiro néctar da leiteria suburbana da cidadezinha.
Quando chegávamos à Estação Ferroviária da Alta Sorocabana
as carroças eram o transporte das famílias e moradores,
Bem naquele lugar ficavam uma caixa d’água onde os charreteiros
davam água de beber aos cavalos e alguns carros de boi
que vinham de Montalvão e dos sítios nas redondezas;
tudo parecia eterno e acho que nunca acabaria essa cena.
Mesmo a rodoviária também construída com casas germinadas
onde o comercio era forte e aquecido na região com toda riqueza
que tens escondida entre os chãos do subterrâneo térreo.
As charretes também abrigavam a levar e trazer passageiros
que ali saiam e seguiam viagem mundo afora.
O que me chamava atenção era a casa do fumo de corda
e a tabacaria assentada de homens que fumavam constantemente.
Recordo bem no centro da cidade tinha a casa dos chapéus
e ali aquele homem permanecia durante o dia inteiro no comercio,
de tanto eu perguntar o preço de seus lindos chapéus
deu-me de presente um clássico Panamá e fiquei rei
sai andando pelo centro da cidade como ricaço astral.
Depois fomos ficando amigos e fui aprendendo a origem
dos chapéus e seus estilos marcados de elegância humana.
No mês de dezembro a casa Acaki tinha sua gloria infinita
eram tantos brinquedos e tanta gente que eu nem conseguia
comprar nada, o dinheiro sempre muito difícil de ganhar.
Na volta para o caminho entrava na casa Balas Cedral
comprava a bala sete belo e palitos de chocolates; como admirava
seus proprietários sempre a trabalhar encantadamente
e a fazer aquele amendoim majestade de sabor magnifico.
Andava muito de bicicleta e a pé por suas ruas memoráveis;
descendo no buracão da Padaria Super Pão e o córrego
riacho que fazia daquelas águas catar guárus e jogar bola
reunião de moleques de muitos bairros em alegoria
contida de tanta molecagem e muitos na convivência urbana.
Jamais poderia imaginar que existiria um tempo
uma idade e os anos apagariam toda esta fantasia.
Descíamos em bandos e chegávamos até o matadouro
com estilingue na mão e o bolso cheio de pedras pedregulhos
caçando pardais rolinhas calangos e tudo que se mexia no meio do mato.
Foi a primeira vez que um boi morria na minha frente
e o capataz com uma marreta solapando no animal
certo o sangue escorrendo no chão daquele lugar sacrossanto.
Depois chegava sábado era dia da matine no cinema Presidente
ou Cine Fênix tantas crianças que as filas eram grandes
e a paqueração era a imensidão do vapor e desejo amigo secreto.
No domingo à noite depois de ver a Banda Sete de Setembro
andávamos até a Igreja da Vila Marcondes e a passarela certeira
em volta da caixa d’água fazia manias e costumes enlouquecidos.
Sempre sentia o viver da vida dos Ferroviários e suas falácias acontecidas;
na Vila Marcondes e o Bar da Bocha onde o conhaque enlouquecia muitos.
Quando avistava bairro por inteiro onde muita gente que ali viviam;
pois determinadas acidentadas ruas de Paralelepípedo marcavam aquele lugar;
quantas vezes as bicicletas em dia de chuva deslizavam chão abaixo.
Não sei por que venho lembrar tanto deste caso almofadado impreciso ser
uma inconcisa memória de juventude e harmonia radiante com a vida.
O bairro que achava aconchegante era o Bosque cheio de arvores
e oxigenado de um primeiro amor acontecido nesta alma destemida.
Sempre ficava de frente da casa de joias e olhava onde ficava
o encantador Jornal Imparcial que conseguiu ficar e vencer o mundo online;
Vivos jornalistas ficavam na frente do prédio sempre no final da tarde;
e aquilo me fascinava de mistério e curiosidade como fazia um jornal;
hoje às vezes quando visito a cidade tenho esse filme guardado no bolso.
Cresses-te desenfreadamente por todos os bairros e periferias urbanas
ficas-te grande e sumiu numa imensidão de gentes e moradias mundo afora
Apenas gosto de ti , ainda que o passar dos anos deixa-me idoso em teu céu
mas o calor infinito de teu sol arredio e interestelar ainda queima minha pele
em meu cerne de um filho que foi embora, mas ainda pensa no teu viver
e cantar tua felicidade aguerrida pelo mundo perdidamente urbano.
Poema do livro: EXTRAGEMA
Autor: Valter Rogério Nogueira de Almeida

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